O Movimento Internacional do Graal, que completará 100 anos em 2021, já iniciou suas comemorações no dia 31 de outubro de 2020. A abertura do Jubileu de 100 Anos do Graal no mundo foi realizada virtualmente, devido à pandemia da Covid-19, e contou com a participação de 450 mulheres de 21 nações: África do Sul, Alemanha, Angola, Austrália, Brasil, Bruxelas, Canadá, Equador, Estados Unidos da América, Filipinas, Holanda, Itália, México, Moçambique, Papua-Nova Guiné, Paraguai, Portugal, Quênia, Suécia, Tanzânia e Uganda.
O Graal possui suas raízes na fé cristã e nasceu no seio na Igreja Católica, porém, com o passar dos anos, ele cresceu e se ampliou, atraindo mulheres de outras denominações religiosas e fortalecendo a sua dimensão ecumênica nos dias de hoje. Ao completar 100 anos de história, o Graal, um movimento intergeracional e multicultural, partilha de um dinamismo espiritual por uma grande diversidade de mulheres de diferentes continentes. “Hoje, essa diversidade é ainda maior, pois muitas das participantes escolheram caminhos diversos na sua procura do Mistério essencial. Temos entre nós uma vasta gama de escolhas espirituais, o que não permite encontrar um nome comum para a referência ao Mistério último.”, explica Isabel Allegro, participante portuguesa.
Nascido na Holanda nos anos 20, o Movimento do Graal levou a sua chama às terras distantes por mulheres pioneiras, que aceitaram o desafio de transpor os oceanos e partilhar a sua mensagem de fé, de coragem e de esperança a outras mulheres, também sedentas de transformação em suas vidas e de suas famílias e comunidades. Um momento muito significativo na celebração consistiu em fazer jus à memória das mulheres predecessoras e render-lhes homenagens, lembrando que elas contribuíram bravamente para a construção do Graal no mundo. A experiência de cada uma delas e das várias gerações que as sucederam possibilitou a caminhada do movimento até os dias atuais.
Por isso, comemorar os 100 anos do Graal no mundo significa assumir a existência de uma grande teia de mulheres sábias, repleta de ações transformadoras. Uma teia dinâmica que une todas as mulheres pela linguagem do coração, rompendo as barreiras linguísticas e criando um diálogo permanente entre as diferentes gerações, histórias distintas e contextos culturais diversos.
É nesta nova perspectiva, que Maria Cristina dos Anjos da Conceição, presidenta do Movimento do Graal no Brasil e Coordenadora da Equipe Internacional, que preparou a celebração e coordenará as próximas atividades festivas e reflexivas do jubileu, considera que esse momento é um tempo de graça, de alegria, de esperança e de uma vida nova para esse movimento centenário.
Cabe, portanto, uma reflexão profunda sobre os caminhos percorridos pelo Graal nesses últimos 100 anos e uma releitura atenta aos sinais dos tempos para traçar os objetivos futuros do Graal em todos os países. A busca permanente para melhorar a vida da humanidade e todos os seres e formas de vida no mundo é uma qualidade inerente dessas mulheres que nutrem um cenário de uma nova feminilidade e de inúmeras possibilidades com justiça, paz e bem viver. “Que possamos acolher esse novo, em toda a sua complexidade, com a mesma coragem e sabedoria que vivemos a nossa jornada de 100 anos! Celebremos pois, com alegria, os nossos primeiros 100 anos!”, finaliza Maria Cristina.
Destaques da celebração.
Neste ano, a cerimônia de abertura do Jubileu dos 100 Anos do Movimento Graal no mundo foi marcada por um evento virtual. Vinte e um países que integram o Movimento participaram das comemorações e foram chamados para mostrar os seus símbolos escolhidos, as velas acesas e o anúncio da seguinte frase: “Quando eu cheguei o Graal já estava aqui!”.
Em seguida, ouviu-se um maravilhoso canto dos tambores tocados pelas mulheres jovens do Graal na Uganda, coordenadas por Winnie Nyonyozi Winfred, da Equipe de Liderança Nacional do país. Na sequência, evocando uma tradição do Graal, dezesseis mulheres de diferentes nacionalidades foram homenageadas com uma ladainha entoada por Mary Kay Louchart e respondida por todas as participantes. Ainda sob esse espírito, um cântico Zulu foi evocado pela sul-africana Nqobile Masuku, da região Kwazulu – Natal, província costeira da África do Sul, composto por Thoko Makhanya e adaptado para esse momento especial, destacando a força das mulheres do Movimento, a sua diversidade, as suas múltiplas faces e funções na sociedade e a beleza da sua espiritualidade, um verdadeiro hino de amor à vida.
Seguiu-se um momento no qual as mulheres de diferentes continentes homenagearam o Padre Van Ginneken e, na trajetória de cinco mulheres previamente escolhidas, foram reverenciadas todas as mulheres pioneiras e que levaram a missão do movimento para outros continentes, ajudando-o a crescer e consolidar-se além mares.
Outro momento forte foi dedicado à leitura da Lenda do Graal pela participante norte-americana Sally Timmel, que relembrou os tempos imemoriais antes de Cristo, onde a busca pelo cálice sagrado simbolizava a procura pela felicidade permanente e a abundância dos alimentos para o corpo e para a alma.
Esses objetos são símbolos de mistério e poder, cuja materialização eternizou a presença do divino nos bens comuns dos seres humanos. O cálice do Santo Graal, por exemplo, conhecido como a Taça de Jesus, foi usado na última ceia e, durante os primeiros tempos cristãos, ficou sob a guarda de José de Arimatéia e seu clã. Após um pecado de um descendente, a taça desapareceu e nunca mais foi recuperada. A busca pela taça atravessou séculos e muitas gerações. De lá para cá, seu Espírito é sempre lembrado com beleza e infinita graça, uma vez que representa a consciência divina em profundo amor, generosidade e partilha. Nossa jornada, portanto, em busca desse tesouro inicia-se em nós mesmas, pois, devemos ter a mente e o coração voltados ao verdadeiro propósito do Graal, a taça transbordante!
Outro momento angelical foi quando ouviu-se um canto intitulado Doador da Vida, composto pela norte-americana Lynn Malley. Seguido da leitura do Evangelho das Bem-aventuranças (Mt. 5,1-10), proferida pela australiana Patrícia Gemmel. E, logo após, a portuguesa Isabel Allegro partilhou as suas ideias sobre o Movimento do Graal.
Em seguida, mulheres jovens de diferentes países e culturas professaram as suas intenções para o próximo centenário, focando a expansão dos horizontes do Graal em profunda consciência planetária e jornada espiritual. Posteriormente, a ugandense Winnie Nyonyozi Winfred realizou a leitura do texto: O Símbolo do Graal, escrito por Rachel Donders, uma das fundadoras do Graal, no qual ela enfatiza que o cálice do Graal, um símbolo forte em algumas culturas, traz a imagem da taça que transborda o amor e a felicidade. Segundo ela, é preciso vivenciar a fé como uma experiência diária e renovadora e expressá-la na prática de nossas ações.
A norte-americana Mary Kay Louchart encerrou o evento com a benção final e o cântico No Círculo de Amigas.
Perspectivas futuras.
A comemoração do Jubileu dos 100 Anos do Graal no mundo foi marcada pela alegria contagiante de todas as participantes por ser algo inédito, nunca antes experimentado nessa dimensão virtual.
Sem dúvida, uma jornada que poderá ser repetida continuamente, nesses novos tempos.Finalmente, o que se pode afirmar é que as mulheres do Graal nos quatro cantos do mundo estão dispostas a seguir em frente, principalmente, na busca pela transformação das realidades como a injustiça, a pobreza e a cultura da morte em culturas da paz, da justiça, da prosperidade e da felicidade plena. Muito já foi feito, mas há ainda muito para fazer.
São tempos exigentes no contexto da Covid-19 e, em breve, espera-se, a pós-pandemia e todas as suas consequências. Mas, as mulheres do Graal ao redor do mundo estão convictas de que a doença, a pobreza, a fome, as várias formas de violência e de violação dos direitos humanos não terão a última palavra. Viva o Movimento Internacional do Graal! Viva as mulheres do Graal no mundo!
*Coletivo Arte em Movimento
Jornalista responsável: Bibiana Stohler
Coordenação: Patrícia Antunes
Supervisão: Dilma Alves e Maria Cristina dos Anjos