Somos resistência!

Somos resistência!

São muitos os tipos de violência aos quais a mulher negra está submetida. No seu corpo, na sua psiquê, na sua autoimagem, na sua profissionalidade, de diferentes formas ela tem sido fortemente agredida cotidianamente, com o intuito de lhe tirar a sua dignidade, sua vontade e sua fé.

Os números são claros ao mostrar que são as negras as maiores vítimas de feminicídio. Não faltam dados para atestar as marcas indeléveis do racismo na subjetividade negra. Também a história não tem sido branda ao mostrar o quanto as representações em torno das mulheres negras afetam-lhe a autoimagem e a construção de sua identidade negra.

As mulheres negras choram, e não por serem fracas. Ao contrário! 

“Olhem para mim? Olhem para meus braços! Eu arei e plantei, e juntei a colheita nos celeiros, e homem algum poderia estar à minha frente”. (Sojourner Truth)

“Eu poderia trabalhar tanto e comer tanto quanto qualquer homem – desde que eu tivesse oportunidade para isso – e suportar o açoite também!” (Sojourner Truth)

“Eu pari treze filhos e vi a maioria deles ser vendida para a escravidão, e quando eu clamei com a minha dor de mãe, ninguém a não ser Jesus me ouviu!” (Sojourner Truth)

A carga, muitas vezes, é pesada demais! Desde sempre, sobre elas paira o peso da humanidade. Tiram-lhe os filhos; de balas nada perdidas a sufocamentos em portas de supermercados; sejam jogados dos 9º andares de prédios de luxo, sejam mortos nos ventres negros, ou mesmo pelo tráfico, tiram-lhe os filhos.

Os empregos, são os mais subalternizados! Elas engrossam os índices de trabalho informal e, em tempos de Covid, não podem isolar-se. Se estão nas mídias, se ocupam postos de poder, se aparecem em posições nunca antes pensadas para a mulher negra, dali tentam enxotá-las. 

Mas, não é só de dor que vive a mulher negra. Ela aprendeu a lutar, a conquistar, a manter-se firme, mesmo querendo, às vezes, desmoronar. Somos resistência! Foi isso que disse Sojourner Truth em seu emblemático discurso “E não sou eu uma mulher?”. Se a luta sublima a dor da perda e da falta do amor, então, sigamos lutando.

por Fernanda Aparecida de Souza

Psicóloga, mestre e doutoranda em Educação 

Uma pessoa apaixonada pela vida!